Estes dias eu estava lembrando de quando era criança, no final dos anos 80 e início dos 90. Eu morava em Curitiba e estudava em um colégio de freiras. Em outubro de 1990 ocorreu um Concurso de Poesias na escola. Um mês antes, eu havia me inscrito e meu pai, que é militar, sugeriu que eu declamasse a poesia abaixo. Foi um mês decorando a mesma. Todos os dias, à noite, eu lia, decorava os versos e em seguida recitava-os para meus pais. No dia, declamei a poesia vestido de militar. Tenho fotos que comprovam. O resultado foi que fiquei em primeiro lugar no concurso e ganhei um troféu. E aí está ela.
"Lembrai-vos da Guerra"
Letra do Cadete Ex Affonso Cláudio Figueiredo
Letra do Cadete Ex Affonso Cláudio Figueiredo
Imensa formação de brancas cruzes,
Desfile mortuário de fantasmas,
Exótico mercado de miasmas,
Exposição de ossadas e de urzes...
Calado e mudo queda-se o canhão,
Apenas trevas cobrem a amplidão,
Que outrora foi um campo de batalha...
Calada e muda queda-se a metralha,
É morta na garganta a voz do obus.
O sabre traiçoeiro não reluz
Dilacerando e ensanguentando a terra...
A paz voltou, é terminada a guerra.
Desfile mortuário de fantasmas,
Exótico mercado de miasmas,
Exposição de ossadas e de urzes...
Calado e mudo queda-se o canhão,
Apenas trevas cobrem a amplidão,
Que outrora foi um campo de batalha...
Calada e muda queda-se a metralha,
É morta na garganta a voz do obus.
O sabre traiçoeiro não reluz
Dilacerando e ensanguentando a terra...
A paz voltou, é terminada a guerra.
Os heróis já tombaram das alturas,
Covardes, bravos, jazem olvidados.
Seus feitos, tudo aos livros relegados,
Nada mais resta, apenas sepulturas.
E eu? Quem sou?
Perguntam eu quem sou?
Pois bem, eu lhes direi: sou um soldado,
Igual a qualquer outro que lutou, que avançou,
combateu, foi derrubado.
Cruzes iguais... Terrivelmente iguais...
Exército que cresce mais e mais,
No festim diabólico da morte.
Covardes, bravos, jazem olvidados.
Seus feitos, tudo aos livros relegados,
Nada mais resta, apenas sepulturas.
E eu? Quem sou?
Perguntam eu quem sou?
Pois bem, eu lhes direi: sou um soldado,
Igual a qualquer outro que lutou, que avançou,
combateu, foi derrubado.
Cruzes iguais... Terrivelmente iguais...
Exército que cresce mais e mais,
No festim diabólico da morte.
Aqui jaz o covarde. Ali o forte.
Aqui dorme um estranho. Ali estou eu...
Mas ninguém sabe como ele morreu...
Não se lembram do campo de batalha,
Nunca ouviram o riso da metralha...
Não sentiram tremer o corpo inteiro
Ao rugido terrível de um morteiro...
Não viram de perto os olhos do inimigo.
Não sentiram o medo do perigo,
Que nos faz desejar a morte breve.
Nunca sonharam. Nunca, nem de leve.
Mas... Nem todos se esqueceram do soldado
Que está longe, bem longe sepultado...
Aqui dorme um estranho. Ali estou eu...
Mas ninguém sabe como ele morreu...
Não se lembram do campo de batalha,
Nunca ouviram o riso da metralha...
Não sentiram tremer o corpo inteiro
Ao rugido terrível de um morteiro...
Não viram de perto os olhos do inimigo.
Não sentiram o medo do perigo,
Que nos faz desejar a morte breve.
Nunca sonharam. Nunca, nem de leve.
Mas... Nem todos se esqueceram do soldado
Que está longe, bem longe sepultado...
Mamãe, ó minha mãe, se tu soubesses
Que tua imagem adornei com flores,
Que tuas flores foram minhas preces,
Preces colhidas no jardim das dores...
Minha querida mãe, se te contasse
O medo que senti sem teu carinho,
Um medo horrível de morrer sozinho,
Medo mesmo que o medo me matasse...
Que tua imagem adornei com flores,
Que tuas flores foram minhas preces,
Preces colhidas no jardim das dores...
Minha querida mãe, se te contasse
O medo que senti sem teu carinho,
Um medo horrível de morrer sozinho,
Medo mesmo que o medo me matasse...
Mas deixei meu abrigo e avancei
Julgando ver a morte a cada passo
Ouvindo o sibilar de um estilhaço...
Parei... Pensei em ti... Continuei...
Minha querida mãe se te dissesse
Que quando derrubou-me uma granada
Atirando-me na terra enlameada,
Foi por ti que chamei desesperado.
Por um instante, deixei de ser soldado
E novamente fui uma criança
Sentindo, então, na morte a esperança
De ainda adormecer no teu regaço,
Mamãe. Matou-me um estilhaço...
Julgando ver a morte a cada passo
Ouvindo o sibilar de um estilhaço...
Parei... Pensei em ti... Continuei...
Minha querida mãe se te dissesse
Que quando derrubou-me uma granada
Atirando-me na terra enlameada,
Foi por ti que chamei desesperado.
Por um instante, deixei de ser soldado
E novamente fui uma criança
Sentindo, então, na morte a esperança
De ainda adormecer no teu regaço,
Mamãe. Matou-me um estilhaço...
Minha querida noiva, por que choras?
Relembras certamente as boas horas
Que passamos juntos. Só nós dois...
Íamos casar. Lembras?
E depois... E depois uma casa retirada.
Com Cortinas nas janelas enfeitadas,
Tu me esperando... eu vindo do quartel...
A nossa casa um pequenino céu,
Aberto para a vinda de um herdeiro...
Meu sonho, foi meu sonho derradeiro,
O de beijar-te antes de morrer.
Mas ante o golpe frio da granada,
Beijei apenas a terra ensanguentada.
Relembras certamente as boas horas
Que passamos juntos. Só nós dois...
Íamos casar. Lembras?
E depois... E depois uma casa retirada.
Com Cortinas nas janelas enfeitadas,
Tu me esperando... eu vindo do quartel...
A nossa casa um pequenino céu,
Aberto para a vinda de um herdeiro...
Meu sonho, foi meu sonho derradeiro,
O de beijar-te antes de morrer.
Mas ante o golpe frio da granada,
Beijei apenas a terra ensanguentada.
Mamãe, minha noiva, aqui se encerra
Uma história de sangue, esta é a Guerra.
Não chorem. Tudo agora é terminado
Rápido como coisa de soldado...
Mas mamãe...
Se novamente a pobre humanidade
Mais uma vez em busca da verdade
Rufar seus tambores sobre a Terra
Anunciando o sangue de outra guerra,
Se mais um filho a Pátria te exigir,
Sem lágrimas mamãe, deixa-o ir...
Embora te destrua o coração,
Ainda que te alquebre a agonia
Por favor mamãe,
Peça a esse irmão,
Para que seja também de
INFANTARIA !!!!
Uma história de sangue, esta é a Guerra.
Não chorem. Tudo agora é terminado
Rápido como coisa de soldado...
Mas mamãe...
Se novamente a pobre humanidade
Mais uma vez em busca da verdade
Rufar seus tambores sobre a Terra
Anunciando o sangue de outra guerra,
Se mais um filho a Pátria te exigir,
Sem lágrimas mamãe, deixa-o ir...
Embora te destrua o coração,
Ainda que te alquebre a agonia
Por favor mamãe,
Peça a esse irmão,
Para que seja também de
INFANTARIA !!!!
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