quinta-feira, 2 de outubro de 2014

A Rainha está nua

Filosofando com uma amiga do trabalho no dia de ontem, lembramos de um conto do ano de 1837, de autoria de Hans Christian Andersen: A nova roupa do Rei. 

Uma terra distante era governada por um rei vaidoso, que gostava de desfilar com suas roupas feitas de linho de fios de ouro. Lá chegaram dois forasteiros, que vendo a vaidade do Rei, se fingiram de alfaiates e foram conversar com ele. Propuseram ao Rei que fariam as roupas mais lindas que o monarca já havia usado, mas para isso, pediram um baú com moedas de ouro e riquezas como pagamento, além dos fios para tecer as roupas. 

O monarca, envaidecido, assim o fez. Os falsos alfaiates falaram para o Rei: "As roupas que faremos serão tão lindas, que só os mais inteligentes conseguirão vê-la".  Então, os forasteiros passaram vários dias no reino, em frente a uma mesa com um tear, fingindo tecer a roupa e usufruindo do melhor da realeza. 

O Rei, cansado de esperar, foi com seus ministros até os alfaiates, para ver como estava o progresso das roupas. Um dos falsos costureiros mostrou a mesa vazia e falou: "Meu Rei, olhe que lindas roupas! Estão quase prontas"

O rei olhou e, embora não visse nada além de uma simples mesa de madeira, exclamou: "Que lindas vestes! Vocês fizeram um trabalho magnífico!",  pois dizer que nada via seria admitir na frente de seus súditos que não tinha a capacidade necessária para ser rei. Os nobres ao redor, soltaram falsos suspiros de admiração pelo trabalho dos falsos alfaiates, nenhum dos súditos querendo que o outro achasse que eram incompetentes ou incapazes. Os forasteiros garantiram que as roupas logo estariam terminadas, e o rei resolveu marcar um grande desfile na cidade para que ele exibisse as vestes especiais. 

No dia do evento, o Rei passava em meio ao povo com a "suposta" roupa, quando uma criança, chocada com o que via, falou: "O rei está nu!". Um dos populares disse que aquela era a voz da inocência, que criança não mente, diz o que vê, e logo todos começaram a rir. Porém, o monarca permaneceu firme e, orgulhosamente, seguiu em frente.


Fazendo uma analogia com o cenário atual, de proximidade das eleições, é possível perceber em entrevistas e debates, que a presidente Dilma ressalta que seus projetos de governo tem tido sucesso, sendo corroborada por sua equipe de ministros e aliados governistas. 

Quando questionada por seus opositores, pela mídia ou por setores da população brasileira sobre a sua ingerência política em outros campos de atuação, como saúde, segurança, transporte, trabalho, crescimento econômico, etc., ela "tece" um discurso prolixo e cheio de rodeios, não chegando a resposta objetiva, mas enaltecendo a si própria, como se fôssemos nós, cidadãos comuns, que não tivéssemos a inteligência para perceber o êxito de suas ações.

Para não ser taxado de desinformado, é preciso reconhecer que algumas ideias do atual governo, criadas (ou aperfeiçoadas do governo anterior), tem tido êxito, ainda que de forma  restrita. Mas muito está a desejar.

No entanto, mesmo em sua vaidade cega, a Presidente sabe que não somos seus súditos;  somos a criança que está ali, assistindo o seu desfile e gritando: "A Rainha está nua".


E que sirva de exemplo para o próximo presidente: A criança está de olho e um dia crescerá.

Nenhum comentário:

Postar um comentário