Recentemente, após uma aula da pós-graduação, nos foi pedido pelo professor a seguinte avaliação da disciplina: "Fale sobre sua própria morte".
Nunca pensei em falar sobre a minha própria morte. Até porque me angustia pensar nisso. Tenho medo de morrer. Das vezes em que pensei a respeito quando criança, lembro que chorei muito e corri até meus pais, dizendo que não queria morrer. Talvez por isso eu não pense nisso hoje em dia. Que ironia para quem já trabalhou com atendimento em rodovias, naquelas viaturas Sprinter da Concessionária de Pedágio “Rodovia das Cataratas”, no Paraná, atendendo a acidentes com vítimas ou vítimas fatais; familiares gritando, chorando, presos às ferragens de veículos que tinham acabado de se acidentar na estrada. É... eu era um dos primeiros a chegar ao local e prestar atendimento.
Ironia também, pois hoje em dia trabalho em um hospital e lido com a vida e a morte, e as mortes na UTI não me causam angústia. Tenho equilíbrio para estar junto aos médicos, quando estes estão tentando uma reanimação de algum paciente e mais ainda para dar o suporte necessário a familiares, quando do óbito de algum paciente.
Parece que a ocorrência deste fato, não sendo relacionado a algum familiar ou alguém próximo, praticamente em nada me impacta...ou bem pouco... o que me permite estar por inteiro para tentar ajudar às pessoas que se encontram fragilizadas naquele momento. Mas quando penso em mim, não consigo me imaginar morrendo... ou morto!
Mas tenho uma opinião e uma visão sobre isto. A opinião é mais um desejo, no qual penso que quando morrer eu gostaria de ser cremado. Digo isso porque a ideia de ser enterrado num caixão e ter meu corpo comido por vermes não me agrada. Parece ser uma situação meio claustrofóbica. Pelo menos é o que sinto quando penso nisso, agora que estou vivo. E se eu não estiver morto? Se eu estiver passando por um episódio de Narcolepsia? Vou acordar no escuro, numa caixa e desesperadamente arranhar e empurrar a tampa tentando sair. Vou morrer de ansiedade, isso sim. Por outro lado, espero que eu não acorde quando estiver sendo torrado!
Quanto à visão que tenho, é do lugar para onde eu gostaria de ir quando morresse. Não penso em céu ou inferno, mas num local gramado e paradisíaco, com uma cachoeira que segue depois como um rio, com um gramado bonito nas margens e uma bela paisagem à frente. Penso em ficar por ali depois de morrer, com todas as pessoas que eu gosto. Eu saberia muito bem desenhar o local acima descrito.
Voltando à minha própria morte, se eu pudesse escolher, eu gostaria de morrer dormindo, em casa... é assim que eu me imagino. Mas dizem que morrer dormindo é uma questão de merecimento. Sou espiritualista e é isso que me foi passado desde que eu era criança. Mas não me pergunte sobre reencarnação, pois meu pensamento não chegou nem a avaliar muito bem sobre a própria morte! Ir mais longe então, por enquanto para mim, é surrealista.
Mas consigo ser eclético nesse sentido quando do atendimento de algum paciente. Você pode achar que estou brincando ao falar sobre minha própria morte dessa forma, mas é a maneira que encontrei para não me angustiar ou sofrer com a ideia. E assim me sinto um pouco mais tranquilo... por enquanto.
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