sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Impressão do filme "A 5ª Onda"


Domingo passado fui assistir o filme A 5ª Onda, motivado pelo trailer super bem feito, captando cenas chave da película.

Entrei no cinema e os primeiros sete minutos foram de uma tela escura, somente com a voz dos personagens do filme. Eu e outros espectadores começamos a gritar, assoviar e reclamar da tela sem imagens, até que o filme foi parado e reiniciado, agora sem a cortina fina e escura que protegia o vidro da sala de projeção. 

O filme chama a atenção pela temática: alienígenas, mundo pós-apocalíptico, sobrevivência, adaptação às contingências. Isso por si só pode produzir uma boa história pelo fato de que é algo que pode acontecer no futuro. É uma temática a qual sou fã.

E tinha tudo para ser excelente, mas pecou por ter que adaptar uma história complexa em duas horas de duração. O início monótono fez com que os primeiros trinta minutos fossem focados em uma introdução longa e desnecessária da personagem, em uma tentativa de torná-la empática ao público. 

Em seguida o que se viu foi a passagem das três primeiras ondas (pulso eletromagnético, tsunami, vírus disseminado por aves) em pouco mais de trinta minutos, com o filme já superando a primeira hora de projeção. 

Somente a escuridão causada pela primeira onda já poderia desenvolver uma história de adaptação humana, caos, lei marcial, conflitos, reorganização social, para mais de uma hora. Em um século o qual estamos dependentes da tecnologia, voltarmos à idade da pedra seria criar uma histeria coletiva e jogar a humanidade num completo desamparo e confusão.

Daí para frente, o filme gira em cima da personagem principal, a qual tenta desesperadamente salvar seu irmão que foi levado pelos militares para uma instalação de proteção (não vou contar detalhes para não acabar com a curiosidade alheia). Enquanto isso, a 4ª onda acontece: alienígenas utilizam o corpo das pessoas como hospedeiros, a fim de causar um conflito entre elas próprias.

Explorando um pouco esta Onda: A ideia de que os extraterrestres estão utilizando-se de corpos humanos, sem alterar sua feição ou seu comportamento foi uma sacada muito inteligente. Alienígenas em meio a pessoas não é uma temática nova, mas a forma como ela é colocada no filme se torna interessante. Vivemos em sociedade e as relações interpessoais são baseadas em um mínimo de confiança, em todas as situações de interação social. E esta onda tira exatamente isso das pessoas, a ideia de convivência em sociedade e confiança. E a pressão psicológica que isso vem a causar, desestabiliza e pode tirar a sanidade de qualquer pessoa.

E a 5ª Onda é o extermínio da raça humana, mas não do planeta (os alienígenas não são bobos).

E nem vou falar da parte do romance no filme, que põe a personagem em total confusão de sentimentos.

O filme tem pontos positivos, como a imagem da passagem das ondas (que poderia ser melhor desenvolvida), a transição, ainda que incompleta, da personagem sensível para alguém mais forte internamente, a questão do envolvimento dos militares com os alienígenas, a reflexão causada pelas situações extremas, mas o filme a meu ver deixa a desejar, tendo um final??? que decepciona e deliberadamente marca a necessidade de um segundo filme e possivelmente de uma trilogia, a qual espero que explique ou desenvolva melhor a história das três primeiras ondas. 

O filme não prende o espectador do início ao fim. Pelo menos não me prendeu.