terça-feira, 17 de maio de 2011

A História do Malabim

A História Do Malabim

Eram os idos de 2001 ou 2002, eu trabalhava no Ministério da Educação, em Brasília. Os pensamentos de lá me fizeram lembrar de outra história, a do Gaúcho Bruce Lee contra a calça no pescoço. Mas essa fica para uma próxima vez.

Eu trabalhava no DPE - Departamento de Políticas da Educação Fundamental com outros colegas, o Anderson Alves Guimarães (Sussa), O Tiago José Fonseca de Oliveira (Bog), o Anderson dos Santos Silva (Troni-DF), O Maurício Neves  Alves, o Lincoln dos Santos Pinto e o Almir Afiune. Se não me falha a memória, o Anderson Lopes de Souza (Magrão), ainda estava lá.

Trabalhávamos numa sala onde os computadores estavam dispostos em forma de U. É bom lembrar deste momento, dá uma nostalgia, pelos colegas bacanas que tive.

Uma vez, um garoto (acho que o nome era Fernando), dos seus 19 ou 20 anos, veio para trabalhar como estagiário, se não me engano na Educação infantil ou educação ambiental. Ele era meio porra louca, mais pela sua ingenuidade e menos pela inteligência ou perspicácia. Tentou fazer amizade conosco, mas como era metido a saber das coisas, logo caiu na zoação do pessoal, que o apelidaram de Malabim, personagem da extinta TV Colosso, programa da globo que tinha uns cachorros e dentre eles o Malabim, um cachorro Mago, que fazia previsões das coisas com uma bola de cristal. Ele dizia sempre "Malabim sabe" quando algo lhe era perguntado. Daí veio o apelido.

Malabim tentava se enturmar, mas acabava sempre falando alguma besteira e era zoado pelo resto da turma. Ele era Flamenguista fanático.

Num fim de semana, o seu time jogou a final de algum campeonato, carioca ou brasileiro, e foi campeão. Malabim chegou na segunda-feira com os olhos brilhando e o sorriso maroto daqueles guris no início da adolescência que gostam de contar vantagem sobre algo que conseguiram. O expediente começava as oito da manhã.

Estávamos na sala, por volta de 09:15hs, quando recebemos, todos ao mesmo tempo, em nossa caixa de emails, uma mensagem do malabim, que dizia:


MENGO! MENGO! MENGO! MENGO! MENGO! MENGO! MENGO! MENGO! MENGO! MENGO! MENGO! MENGO! MENGO! MENGO! MENGO! MENGO! MENGO! MENGO! MENGO! MENGO! MENGO! MENGO! MENGO! MENGO! MENGO! MENGO! MENGO! 

Começamos a rir e a sacanear o garoto por seu gesto, até que percebemos que sua ingenuidade, ou burrice, ultrapassou sua empolgação. Malabim, na vontade de mandar o email para o nosso grupo de trabalho, inseriu no campo destinatário do email a opção "Todos", sem filtrar somente para o nosso grupo.

O resultado foi que, às 09:19hs mais ou menos, ele havia mandado uma simples mensagem em massa, sem nenhum anexo, somente a mensagem de texto, para todos os computadores do MEC e acabou travando o servidor central. Além do mais, sua mensagem não chegou somente até nosso email, mas do Ministro da Educação ao porteiro do prédio, passando por todos os computadores dos servidores e terceirizados, de todos os andares do MEC, todos estavam recebendo o email. Isso acabou interrompendo a comunicação interna e externa de qualquer um que precisasse mandar ou receber emails importantes, durante a manhã toda.

Malabim passou de uma empolgação para um estado gelado de ansiedade e medo. Suava frio quando soube o que acabara de fazer, foi à nossa sala duas ou três vezes buscando conforto, mas não conseguiu. Sabia que sua atitude poderia custar-lhe o pescoço, buscava amparo e argumentos para sua falta de atenção.

Não teve jeito. Por volta das 11:10hs, malabim foi chamado ao Gabinete do próprio ministro da educação, que naquela época era o Paulo Renato. Não ficamos sabendo do tamanho da advertência que tomou lá, até porque a notícia após o almoço foi de que ele havia sido demitido imediatamente e por justa causa.

Nunca mais o vimos... nem pela rua. Mas esta foi uma história pitoresca a qual me veio à memória agora. Momentos de uma vida...